Refletindo com meus alunos

O caminho da vida, certamente, será de ansiedade e sofrimento em função das naturais dificuldades que nos serão oferecidas. Pode, contudo, ser de liberdade e beleza. Depende principalmente de cada um. Somos construtores de histórias.
É preciso lembrar!
Um dia, no ventre de uma mulher, pulsou um novo ser, novo enigma, você. Quente e protegido alimentou-se no seu nicho e, alimentava os sonhos de quem o trazia no ventre, tua mãe.
Nove meses passaram, até que um dia, rompendo a escuridão protetora do ninho materno, um grito mais forte – de liberdade e libertação – ecoou no espaço. Nasceu você e junto com você, o medo, a insegurança, a angústia e a ansiedade.
Depois, viveu você cada momento como se fosse apenas encantamento e só alegria. Um pouco depois vieram: o brinquedo, a brincadeira, o passeio, o castigo, o estudo, a amizade, as descobertas, e, os primeiros aprendizados (alguns bons e outros ruins).
O dia-a-dia te deslumbrava, era um mundo que parecia ser de eterna fantasia. A imaginação valia mais do que o conhecimento (será que não vale mais?).
O tempo, esta unidade de marcar a vida, te traz até a adolescência; carregando contigo o brilho nos olhos de quem vai viver os anos dourados da vida. Braços abertos ansiosos para agarrar o mundo (o jovem que tem medo de agarrar a vida é tão idiota quanto o velho que tem medo de soltá-la). A juventude é a deliciosa desculpa para justificar seus atos, seus ideais, suas loucuras, sua contagiante explosão de vitalidade, usando sempre um sorriso maroto e especial, de quem maliciosamente guardou para usar na hora certa; é o restinho da criança que os anos esqueceram de levar.
Assim chegava você na Universidade, trazendo na sua mochila muitas dúvidas, sonhos, a saudade dos amigos do colégio, e, a magia do coração, dividido entre a esperança e a razão.
Agora você amadureceu, tornou-se adulto; ganhou um brilho novo e uma cor especial por concluir a formação profissional escolhida. É o processo natural de transformação; não somos os mesmos de antes. Termina-se um ciclo e já começamos em outro. Na escola da vida não existem férias.
Daqui para frente, quando te sentares no caminho, senta-te de frente, embora tenhas de ficar de costas para o que já percorreste. Atrás estão apenas as experiências vividas; à frente está um novo horizonte (novos ideais, novas situações e oportunidades). Leve a certeza que sempre haverá alguém a quem cuidar, tratar, reabilitar, e, o mais importante, ensinar a difícil e maravilhosa arte de viver. Diante das dificuldades que te serão oferecidas gratuitamente na vida, procure entendê-las como desafios, portanto, não chores, não se lamente, não junte os dedos em súplicas, não se revolte, é preciso enfrentá-las com coragem e determinação. O resultado? Será a conseqüência de como nos dispomos para o enfrentamento.
O ser humano está jurado a ser um vencedor. É melhor se lançar à luta em busca do triunfo, mesmo expondo-se ao insucesso momentâneo, do que formar na fila dos pobres de espírito, que não gozam muito e nem sofrem muito; e, vivem numa penumbra cinzenta, sem conhecer os dois maiores impostores da vida: a vitória e a derrota. É melhor perder um grande amor do que nunca tê-lo tido. A vida biológica, este conjunto de funções que resistem à morte, nos convida e nos favorece à realização pessoal e profissional; para isso nos disponibiliza a inteligência (não apenas a acadêmica, nem sempre a mais importante), a sabedoria, o conhecimento, a gentileza, a paciência, a persistência, a força do bem, e, etc. É preciso despertar o gênio que existe, naturalmente, dentro de todas as pessoas.
Na vida é preciso: pensar para acertar: calar para resistir e agir para vencer.
O maior pecado que o ser humano comete contra o criador é ignorar suas forças interiores, seus poderes, sua herança divina. Estuda-te. O mundo pertence aos otimistas, os pessimistas são meros espectadores.
Os únicos derrotados neste mundo são os que não crêem em nada, os que não concebem um ideal, os que não vêem nenhum caminho adiante, os que se desesperam e renegam a si mesmos, à sua capacidade de trabalho e ao seu Deus. São os que se desiludem cada vez que lhes sai mal algum plano: financeiro, político ou na matemática do seu egoísmo. São os que não têm coragem de RE-COMEÇAR (palavras fortes e significativas).
Quando passares por um caminho, realize todas as boas ações que possas praticar e, todas as gentilezas que possas dispensar a qualquer ser humano, em qualquer situação; este momento além de poder ser único, será recompensado pelo universo. Nunca digas não ao trabalho, à tolerância e à generosidade. Há uma lei na vida, tão certa como a da gravidade: “para vivermos em plenitude, precisamos aprender a usar as coisas e amar as pessoas; e, não o contrário (se amar é forte para você, substitua a palavra por valorizar). Saiba que é impossível agradar à todas pessoas; preocupe-se com as especiais, as demais são apenas coadjuvantes.
A característica dos vencedores (segundo parâmetros pessoais) não foram os mais brilhantes, e sim, os que sem se julgarem gênios foram à luta e se convenceram que só pela perseverança e esforços próprios poderiam conseguir suas conquistas.
Todos nós precisamos construir nossas jornadas. A minha tem sido uma somatória de satisfações, pois, sempre procurei dar um sentido para minha vida; quando a situação me foi imposta, procurei perceber o lado positivo na realização do meu trabalho, conferindo um sentido especial para a minha vida.
Quem somos nós? Entre outras coisas, a somatória dos nossos sonhos. Só uma coisa torna impossível a realização dos nossos sonhos, o medo de fracassar. É bom saber que a desilusão é parte integrante da vida. É impossível acertar sempre, ser colecionador apenas das coisas que deram certo na vida. O mundo está nas mãos dos que sonham e utilizam seus talentos para correr o risco de viverem seus sonhos, os possíveis de serem realizados. Observei que o medo de sofrer, trás mais sofrimento do que o próprio medo. Nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca da realização dos seus sonhos. Apenas os sábios conseguem perceber que as coisas mais extraordinárias na vida, são as simples.
Quero te agradecer por ter-me permitido que construísse parte das minhas realizações na relação contigo; de fazer parte, humildemente, da tua história de vida (para alguns apenas a acadêmica). Não sei se fui significativo para você, mas você foi/é muito importante para mim; parte integrante da minha história. Descobrimos juntos: “que é preciso considerar mais do que um órgão doente, mais do que a pessoa em sua totalidade, devemos observar as pessoas no seu mundo, como elas vivem”. Estou próximo do final dos meus tempos, não clamo por mais vida e sim por não tê-la feita melhor; só não o fiz por limitações naturais de um simples mortal: falível e imperfeito. Mesmo assim, serei eternizado pelos seus gestos. Parte de mim existe em você. Muito de você e para você, influenciou a maneira de eu existir. Depois do nosso encontro nunca mais fui o mesmo. Você me fez uma pessoa melhor.
A vida, apesar de não ser justa, de ser um paradoxo, é fantástica quando bem vivida; isto implica em: combater o bom combate e conquistar; às vezes errar para poder saber o que era o certo; perder para saber o significado do que foi perdido; experimentar e saber renunciar; sofrer para saber que o não sofrimento é uma forma de prazer (mesmo que tímida); considerar que o dia, aparentemente parece ser longo, mas a vida é muito curta; lembrar que ela é feita de escolhas e os detalhes podem fazer uma grande diferença; considerar que aparentemente ela não nos valoriza, porém, não existiria sem nós; saber que os registros na vida são marcados pelo tipo de vida que levamos, por isso que viver não é importante, o importante é vivermos bem.

Prof. Sergio Mingrone