TÉDIO

Conceito e definição: é um sentimento humano que pode ser caracterizado pela falta de estímulo para uma ação ou por ser o produto de uma rotina improdutiva (o homem nasceu para ser útil, caso contrário ele é chamado de inútil e se ele for consciente também assim irá se considerar). Segundo Leo Buscaglia o tédio provem da rotina de difícil convivência. O oposto ao tédio é a alegria, o assombro, o deslumbramento, o êxtase, que surgem da surpresa e da realização. A satisfação é o resultado, imediato ou não, dos benefícios do nosso trabalho, da nossa ação. A pessoa entediada (cheia de tédio) é entediante (capaz de promover o tédio); são pessoas com as quais não queremos estar. A vida é feita de escolhas; podemos escolher em vivermos com alegria, sendo criativos, livres, com objetivos claros e produtivos, ou com apatia, com tédio constante. Sêneca dizia que cada um se lança à vida, sofrendo da ânsia do futuro e do tédio do presente. Pressupomos que a qualquer momento e várias vezes por dia podemos sofrer dos transtornos provocados pelo tédio; quando ele é temporário não representa danos, é considerado apenas como tempo perdido; mas, quando persiste pode representar um dos sintomas da depressão. Necessitamos estar apaixonados pelo trabalho, pelas pessoas, por animais e objetos de estimação, pois, a paixão causa menos sofrimento do que o tédio. Blaise Pascal: “Condição do homem: inconstância, tédio, inquietação”. Stanislaw Ponte Preta (Sergio Porto): “O imbecil não tem tédio”.
Quem mais sente o tédio? São os desocupados, os preguiçosos, os inúteis cuja vida não tem sentido. “O repouso é uma boa coisa, mas, o tédio é seu irmão” – Voltaire. Os animais também se entendiam, pois às vezes como os humanos não têm coisas interessantes para fazer. “A vida do homem moderno se resume em três Ts: Tv / Tédio / Transtornos” - Murilo Silva. Para fugirmos do tédio, algumas pessoas necessitam estar ocupadas todo tempo, pois, na maioria das vezes, elas têm dificuldades de estarem apenas com a própria companhia, mesmo que seja por pouco tempo. Paul Valey faz referência do estar só e o tédio. Sartre dizia: ”Se você sente tédio quando está sozinho é porque está em péssima companhia”. Para os entediados o dia parece longo, para os ocupados é curto.
Consequências do tédio: o grande problema é que ele pode levar a atitudes impulsivas, impensadas, com conseqüências ruins, de difícil reparação ou irreparáveis; trazendo um sofrimento maior do que o do próprio tédio; como a busca pelas mais diferentes formas de jogo, o uso de bebidas e qualquer tipo de droga, envolvimento com pornografias, etc. Tinha um amigo de origem russa que dizia: é melhor morrer de Vodka do que de tédio.
Sintomas: tristeza, sensação de vazio interior; a falta de vontade em realizar as atividades rotineiras, mesmo as necessárias; frustração devido ausência de motivação e produtividade; insatisfação e infelicidade; mesmo sabendo que é fundamental não consegue mudar a situação em que se encontra.
Transtornos de comportamento: além de poder levar à realização de atividades impulsivas (como visto anteriormente), pode levar a pessoa a ter um comportamento imaturo. O tédio pode produzir alterações dos traços característicos da personalidade de uma pessoa, facilitando o surgimento de transtornos orgânicos e mentais significativos ocasionando fragilidade e definhamento do indivíduo.
Alterações ocasionadas: da disposição, do humor, da concentração para a leitura e até para procedimentos simples, da capacidade de raciocínio, com dificuldades para as relações sociais. Álvares de Azevedo: “Deixo a vida como deixo o tédio”.
Sugestões: O tédio por ser um processo, com causa ou não aparente, desencadeado por vários fatores de características pessoais e peculiares, necessita de intervenções com procedimentos pessoais e peculiares, é uma questão de aprendizado e treinamento. Sua superação também é um processo que envolve identificação, conhecimento sobre os fatos que podem desencadeá-lo e sobre o auto-conhecimento, e, o que pode ser representado como antídoto. Temos o problema e temos a solução. Nós devemos operar o milagre; envolve atitudes. Milan Kundera dizia: “Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não pode ser um tédio, sim a paz”. Anatole France “Sem se iludir, a humanidade pereceria de desespero e de tédio”. A vida é só ilusão. Acabando a ilusão, acabou-se a vida. Nelson Rodrigues “A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre em seguida, num insuportável tédio visual”. É impossível negar esta condição que ocorre na vida, compete a cada um vigiar, saber que é natural e procurar ver o mesmo fato com um olhar diferente. O segredo da vida não é ver ou sentir coisas diferentes o tempo todo, isto é impossível, mas nos exercitarmos para vermos e sentirmos as mesmas coisas com um olhar e um sentimento diferente. Fernando Pessoa “Nunca tive dinheiro para poder ter tédio à vontade”. Temos sempre que estarmos envolvidos com alguma coisa, de preferência que seja produtiva e de interesse da sociedade. Aqueles que conseguem dar um sentido para suas vidas e/ou perceber a importância de seu trabalho, ou atitude, sofrem menos. Voltaire: “o trabalho afasta de nós três grandes males; o tédio, o vício e a necessidade. Eugène Delacroix: “O segredo para não ter tédio, pelo menos para mim, é ter idéias”.
“Sabes qual a minha maior preocupação? É matar o tédio. Quem prestasse este serviço à humanidade seria o verdadeiro destruidor de monstros” - Eugène Fromentin