Indiferença/ insensibilidade/ indolência/ marasmo/ inércia/ frieza/ impassibilidade
“A ciência poderá ter encontrado a cura para a maioria dos males, mas, não achou ainda remédio para o pior de todos: a apatia dos seres humanos”- disse á muito tempo, Helen Keller. A realidade me autoriza completar: ainda.
Apatia é caracterizada pela falta de emoção. A pessoa com apatia revela-se sem motivação, sem entusiasmo. A psicologia refere ser um estado de insensibilidade, onde o indivíduo responde aos estímulos da vida com indiferença emocional, física ou social. Manifesta-se com o estado físico desgastado, com enfraquecimento muscular, sem forças, sem vontade e energia para realizar simples procedimentos.
Podemos dizer que clinicamente existem três tipos de apatia: 1) nível simples: de ocorrência esporádica e de curta duração, sem complicações significativas; 2) nível moderado: mais freqüente, persistindo por um tempo maior, necessitando de cuidados especiais porque pode ser um sintoma de depressão; 3) nível extremo, diagnosticado como transtorno de identidade.
A palavra apatia está registrada como termo psiquiátrico e faz-se referência e caracterização pelo desinteresse generalizado; pela falta de desejos; pela indiferença diante dos acontecimentos; pela falta de interesse nas coisas da vida, mesmo as consideradas boas.
A palavra apatia é de origem grega “apatheia”. Páthos significa “tudo que afeta o corpo e a alma”, relaciona-se, portanto: à dor, ao sofrimento, à doença, como também ao estado da alma diante de circunstâncias que ocorrem na vida e podem produzir emoções agradáveis ou desagradáveis (ex: emoção, afetividade, paixão). Durante muito tempo eu considerava a palavra “pato” com o significado de “doença” apenas. Entretanto, a palavra “a-patia”, pode ser empregada para nos referirmos à ausência de dor (a= não/sem; patos= doença) como ausência de emoção (a= não/sem; patos-emoção), paixão, sentimento, motivação, sensações. Hipócrates; Aristóteles; Platão; Galeno (que influenciou o modelo de medicina centrada na doença em oposição a Hipócrates, fazia referência a apatia de forma apenas orgânica, referindo-se à ausência de lesão do sistema digestório); Zenon que pregava o estoicismo, esta ciência revela que o sofrimento humano decorre das reações despertadas por quatro classes de emoções: a dor, o medo, o desejo e o prazer, sendo assim o ideal do estóico é alcançar a aptheia, ou seja,a aceitação natural, passiva, indiferente, da dor e do prazer, abolindo as reações provenientes das emoções e, ausência de qualquer tipo de paixão. O estóico (palavra originada de um local chamado Stoá Pokile que significa pórtico ou galeria de colunas trabalhadas, onde Zenon se reunia com seus discípulos) tem um comportamento sem sofrimento, pois, nada desejam, não se alegram e nem se decepcionam, não se irritam e nem se queixam. Sêneca, Marco Aurélio e outros seguidores do estoicismo almejavam a construção de um homem sem sofrimento, livre das emoções e das situações que possibilitasse se apaixonarem. Á partir do século XVII, a apatia adquiriu o entendimento atual, de indolência. No século XIX já se definia a apatia como o estado de entorpecimento das faculdades morais, no qual a pessoa se comporta como insensível à dor, ao sofrimento, ao prazer e experimenta a preguiça física e mental. No século XX e XXI o conceito utilizado provém da filosofia estoicista da palavra, onde páthos expressa um estado psíquico caracterizado pela falta de atitude, pela indiferença diante do estímulos da vida, e, não com a visão organicista de Galeno. A neurociência refere que a apatia é o sintoma predominante em pessoas que sofrem de demência (doença neurodegenerativa), principalmente a senil. A demência é um conjunto de sinais e sintomas que resultam em alterações cognitivas e comportamentais, como perda de memória, apatia, agressividade, desorientação temporal e espacial, dificuldade de raciocínio. A doença de Alzheimer é mais comum das demências, hoje ocorre em torno de 60% entre os idosos.
Reflexão:
Observamos que todas as pessoas, em algum tempo, irão apresentar os mais diferentes estados de desconfortos e transtornos, ocasionando sofrimento. Então, sofrer faz parte da natureza humana; entre as pessoas varia apenas a forma, o motivo e a intensidade do sofrimento. Diante de uma dificuldade é muito cômodo pensarmos que a situação não tem jeito, aceitar passivamente os fatos, pois, assim não será preciso tomar nenhuma decisão, não precisamos fazer nenhum esforço. É necessário agirmos rápido, consciente e responsavelmente. Adiar só irá gravar mais a situação. Estando num buraco, a primeira coisa a ser feito é parar de cavar. Não podemos esperar pelo melhor momento para tomarmos decisões, a atitude correta é: identificar as causas reais do problema, traçar caminhos e estratégias viáveis, eficientes e eficazes, segui-los sem perder o foco.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
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Boa tarde.
ResponderExcluirDevo admitir que fiquei bastante surpreso e até abalado com o artigo aqui postado.
Há algum tempo (sem determinação exata) me sinto acometido por algum desses distúrbios mercionados em seu texto, o que vem me deixando bastante preocupado. Existe a possibilidade destes sintomas estarem relacionados à outros problemas neurológicos em detrimento à iminente depressão?
Agradeço o espeço...
Bom eu tenho apatia faz algum tempo,me sinto sem vontade de me relacionar com as outras pessoas,mesmo na minha vida conjugal me sinto distante longe e é assim no trabalho,as vezes penso q meu coração é uma pedra,mais o sofrimentos que passei me fizeram assim,frio me sinto até triste e na maior parte das vezes sinto ódio de tudo e de todos,temo que também tenha psicopatia...oque devo fazer?
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