terça-feira, 9 de março de 2010

Felicidade

Em todas as épocas e em todas as civilizações, este é um assunto sempre discutido e a busca incessante de todos os seres vivos, particularmente os humanos.
Refletindo sobre o comportamento humano, não tenho a menor dúvida, que mais do que ser feliz, o ser humano quer evitar ou minimizar o sofrimento. O que fazer para não sofrer? Como este é um estado impossível de obter-se, o que fazer para sofrer menos? Alguns talvez não tenham consciência do fato e outros não conseguem verbalizar.
Quando desfrutamos do estado de mínimo ou não sofrimento é que buscamos uma condição mais avançada, a de ser feliz. Temos algumas dificuldades em nos arriscarmos em busca da felicidade, e, perdermos a condição do não sofrimento.
A Grécia antiga, berço da civilização ocidental, é a origem do entendimento sobre a importância do pensamento. Os primeiros registros sobre o tema “felicidade” são de Sócrates, Platão, Aristóteles.
Entender o estado de felicidade e estabelecer estratégias para a sua conquista, depende do momento histórico e da cultura de cada pessoa.
Nós do ocidente, fomos influenciados pela lógica de que “no fim tudo dá certo e se não deu é porque ainda não chegou ao final”. Criamos no nosso imaginário a idéia sempre presente do final feliz. Esta sociedade, baseada no consumo, nos fez acreditar que a felicidade era conseqüência do TER bens materiais.
Mais tarde, até pela obtenção dos bens sem obtermos a felicidade, acreditamos que ela seria produto do SER; ser alguém conforme valores reconhecidos socialmente, escolher uma profissão para evidenciarem o sucesso característico dessa profissão, adquirir títulos pelas mais diferentes formas e incorporá-los ao nome com o objetivo de formarem uma imagem e uma identidade positiva das pessoas, cargos foram conquistados licitamente ou não, conclui-se que TER e SER, não são garantias do estar feliz.
Parece-me entender a felicidade como a obtenção de um estado que depende do TER (ter dinheiro suficiente para financiar a vida), depende também do SER (vivendo uma vida conforme o sentido estabelecido por cada um); mas, é uma condição que se fundamenta no ESTAR; não é apenas a ausência de transtornos, é também a consciência do bem-estar, do desfrutar de paz interior, com total dependência do modo de pensar (é o mecanismo que influencia e nos revela a condição de como estamos: o pensar, o agir e o sentir).
Felicidade é o estado emocional caracterizado pela condição de sentir-se em condições de.... Sua conquista é difícil por depender das circunstâncias, e, delas nunca termos total controle. A felicidade é um estado de sentir-se com prazer, determinado pela consciência humana. É temporal; torná-la um evento mais freqüente e de estado de permanência mais duradouro, é o mais justificável de todos os exercícios e treinamento para os humanos.
Do que depende a felicidade, sua ação e tempo de permanência?
Lamento que não seja um produto de fácil aquisição e com episódios de longa permanência.
É impossível definirmos com rigor o que é felicidade e estabelecermos instrumentos para medir a sua intensidade (o quanto somos felizes). A prática da Psicologia e a Ciência, possibilitaram que na Universidade de Oxford fosse desenvolvido um Inventário de Felicidade, destinado a medir o nível de felicidade de uma pessoa. Fatores fisiológicos; psicológicos; envolvimento político, social e religioso; estado civil; exercício da paternidade; idade; expectativa do desempenho e rendimento de uma pessoa, fazem parte desta medida. Devido a subjetividade e as condições, parece ser difícil considerarmos fiéis os valores obtidos nos resultados.
É comum relacionarmos a felicidade com as emoções decorrentes de atividades positivas. Pode ser considerada como um conjunto de emoções e sentimentos que começam com um contentamento ou satisfação e vão até a alegria intensa ou júbilo. Opõem-se a tristeza.
Considera-se o “estar feliz” quando se relaciona com a emoção, portanto, é ocasional e passageiro. O “ser feliz” está relacionada com a condição da consciência, da capacidade de sentir o “bem estar” e experimentar um estado de satisfação, fruto da conquista, podendo ter um tempo maior de duração e a possibilidade da ocorrência de outros eventos.
Felicidade é um “termo” muito utilizado na filosofia, na religião e na psicologia. Considera-se atualmente como produto do estar bem, e relaciona-se com a qualidade de vida (O que é? Do que depende? Como obter? Como medir?).
Felicidade não é simplesmente o produto de uma emoção.
A filosofia contemporânea, como a antiga, considera a emoção diferente de felicidade, e que, o prazer seria a associação de uma com a outra. Prazer é o produto de quem se emociona por ter a consciência de sentir-se feliz.
Para melhor esclarecimento, permitindo um entendimento mais próximo do real, e, que seja desprovido de definições e considerações elaboradas de fontes duvidosas, sugiro a reflexão com os pensamentos dos autores:
- Arthur Schopenhauer: “a nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que temos nos nossos bolsos”. – Carlos Drummond de Andrade: “ser feliz sem motivo é a autêntica forma de felicidade”. – Sigmund Freud: “a felicidade é um problema individual. Aqui, nem conselhos é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz”. – Aristóteles; “a felicidade não se encontram nos bens exteriores”. – Dale Cornegie: “a felicidade não depende do que você é ou do que tem, mas exclusivamente do que você pensa”. – Emmanuel Kant: “a felicidade não é um ideal da razão, mas sim da imaginação”. – Thomas Jefferson: “não é a riqueza nem a pompa, mas a tranqüilidade e a ocupação que dão felicidade”. – Einstein: “a felicidade não se resume na ausência de problemas, mas sim na sua capacidade de lidar com eles”. – Clarice Lispector: “Oh! Deus, o que faço dessa felicidade ao meu redor que é eterna, eterna, eterna e que passará daqui um instante. Porque o corpo me ensina a ser mortal?”. – Leon Tolstoi: “a verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família”. – Hermann Hesse: “o homem é um ser ansioso pela felicidade, no entanto, não a suporta por muito tempo”. – Tom Jobim: “tristeza não tem fim. Felicidade sim”. – Epicuro: “as pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo”. “Só há um caminho para a felicidade. Não nos preocuparmos com as coisas que ultrapassa o poder da nossa vontade”. – Richard Bach: “se buscar a segurança antes da felicidade, a segunda é o preço que terás de pagar pela primeira”. – Epicteto: faz referência que a felicidade não consiste em adquirir e nem em gozar, mas sim, na limitação do desejo, para não sermos escravos dele e estarmos livres. - Thomas Hardy: “a felicidade não depende do que nos falta, mas do bom uso do que temos”. – Stuart Mill: “aprendi a procurar a felicidade limitando os meus desejos, em vez de tentar satisfazê-los”. – Fernando Pessoa: “a felicidade está fora da felicidade”. – Aristóteles: “a felicidade depende de ter algo para fazer, ter algo para amar e algo que esperar”. – Clarice Lispector: “a felicidade aparece para aqueles que choram; para aqueles que se machucam, para aqueles que buscam e tentam sempre”. – Guimarães Rosa: “felicidade se acha é em horinhas de descuido”. – George Bernard Shaw: “uma vida inteira de felicidade! Nenhum homem vivo conseguiria suportá-la. Seria o inferno”. – Camilo Castelo Brando: “o amor é a primeira condição de felicidade do homem”. – Fédor Dostoievsk: “a maior felicidade é quando a pessoa sabe por que é que é infeliz”. – Jean Jacques Rousseau: “a espécie de felicidade que me falta, não é tanto fazer o que quero, mas, não fazer o que não quero”. – Shopenhauer: “o que temos dentro de nós é o essencial para a felicidade humana”. – Mahatma Gandhi: “não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”. – Érico Veríssimo: “felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente”. – Shakespeare: “é muito melhor viver sem felicidade do que sem amor”.

Um comentário:

  1. Adorei a citação de Guimarães Rosa! Vou tentar ser mais descuidada....

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