segunda-feira, 12 de julho de 2010

Somos pessoas diferentes

“Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar” – Carlos Drummond de Andrade.
Somos seres únicos na forma de pensarmos, agirmos e sentirmos a vida. Não nos repetimos mesmo nos irmãos gerados no mesmo vitelo.
Interessante, mesmo tendo consciência deste fato nos incomoda e até dificulta os relacionamentos admitirmos que as pessoas não tenham e não possam ter um comportamento parecido com o nosso. Gostaríamos de ter o controle da situação, de preferência quase sempre.
Quantos conflitos poderiam ser evitados pelo simples entendimento que somos naturalmente pessoas diferentes? Que homens e mulheres falam línguas diferentes por serem originados de condições diferentes (eles são de Marte e elas de Venus)? Se não houver um esforço extra, nunca se entenderão?
Existem vantagens e desvantagens nessas diferenças. As desvantagens são por que não pensamos iguais (que pena), e, as vantagens são por que não pensamos iguais (que bom). Precisamos compreender o mecanismo de pensamento e ação das pessoas, e, com boa vontade aceitarmos as diferenças, que elas sirvam para nos enriquecermos devido á oportunidade de termos outra forma de interpretação e manifestação de sensações. E, não simplesmente proporcionar desconforto pela diferença de entendimento, observação e conclusão. A vida é um aprendizado constante e na escola da vida não existem férias. A lição é o desafio de que com boa vontade, humor, criatividade e tolerância podemos aprender a conviver com as diferenças e fazermos bom proveito delas. Mais do que valorizarmos apenas os aspectos negativos, que são as dificuldades que surgem no livre exercício do convívio, é valorizarmos os aspectos positivos, proporcionados por uma interpretação diferente, com outra visão, outras avaliações e considerações sobre a mesma sensação ou fato. É bom também ”enxergar” a vida com o olhar do outro. Infelizmente, ficamos brigando na tentativa de fazermos o outro a pensar como a gente; na maioria das vezes o outro é um membro da família, o parceiro, o companheiro. Como dizia Oscar Wilde, normalmente matamos quem mais amamos.
Em todas as épocas, estudiosos do comportamento humano têm procurado estabelecer o real conhecimento sobre as causas que originam essas diferenças na tríade da vida: no pensar, no agir e no sentir. O que me parece mais difícil entre os humanos são a aceitação e o respeito pelas diferentes percepções. É o professor que ensina ao mesmo tempo, a mesma coisa, para pessoas tão diferentes e espera uma única resposta, nas ciências humanas, sociais e biológicas. Tentamos convencer as pessoas diferentes a pensarem de maneiras iguais, impondo a forma de pensar semelhante a nossa. É impossível mudarmos a realidade, as pessoas são diferentes. A tecnologia permite estudos mais avançados e precisos, a neurociência revela que o cérebro humano estabelece um arranjo organizado de neurônios, formando redes individualizadas e específicas, para percebermos o mundo conforme as preferências pessoais. O otimista perceberá seletivamente os aspectos positivos de uma situação, enquanto que o pessimista tem suas preferências estabelecidas para seu cérebro valorizarem os aspectos negativos. A leitura é pessoal e se dará conforme esses arranjos que caracterizam as preferências pessoais. De forma natural será difícil um perceber o que o outro está interpretando. Primeiro é preciso paciência para entender “porque” ocorre esse fenômeno, e, posteriormente devemos ter humildade para escutarmos o outro, e, de um tempo para reflexão e assimilação. Talvez seja preciso discutir o mesmo assunto em outros momentos; é um processo.
Algumas pessoas necessitam de considerações concretas, de resultados fáceis de serem medidos e imediatos para contemplar o presente; não conseguem perceber as conseqüências mais adiante tendo dificuldade para planejamentos; não conseguem perceber o abstrato, o que está á frente. Não adianta forçar, pois, cada um só percebe o mundo do seu jeito. Por isso é que as relações devem ser construídas com confiança; mesmo não entendo bem e percebendo as diferenças nas manifestações, um acredita e avaliza o outro, pois, sabem que não existe a vontade de querer manipular as opiniões e decisões.
As diferenças não são necessariamente por implicações, e, pela vontade de ser diferente sendo sempre o do contra; as diferenças também são estabelecidas pelas diferentes constituições cerebrais. É preciso sabedoria para separar uma coisa da outra. É um mecanismo devido á constituição neurológica ou o simples desejo de ser contraditório?
Devemos considerar os métodos diferentes entre os pais na educação dos filhos. As diferentes expectativas de vida entre os casais. A forma dos sócios conduzirem os seus negócios. Os múltiplos interesses que podem mover as amizades. As diferentes interpretações dos leitores ao lerem este artigo. É preciso dialogo para transformar as oportunidades em esclarecimentos e tempo para o entendimento; o que nunca garantem a aceitação. As diferentes formas na percepção do mesmo fato permitem-nos concluir: “mais importante do que qualquer julgamento, é a livre busca da compreensão (sem conceitos pré-estabelecidos para conduzirem o entendimento)”.
Entre as pessoas, as diferentes formas de pensar e perceber o mundo poderão ser responsáveis por simples desentendimento e até dissolução de relacionamentos; ou, de uma significativa riqueza na construção de sábias e concretas soluções. Depende da habilidade de cada um na condução do evento.
Considerando que o processo cerebral é que sugere e determina o comportamento humano, influenciado pela maneira de pensar, agir e sentir a vida, as pessoas envolvidas devem esforçar-se conversando o suficiente para encontrarem uma saída satisfatória, sempre à luz da razão. Que bom seria se nos dedicássemos um pouco mais para entendermos como o companheiro funciona. Como é a sua dinâmica de pensamento, para sabermos como ele agiria e sentiria os fatos; um procurando ser o facilitador da vida do outro. Mesmo sabendo que esta atitude não será suficiente para resolvermos todas as diferenças, pois, outros problemas existem, seria mais fácil construirmos relações mais duradouras e que atingissem o maior objetivo das relações: minimizar o desconforto e maximizar o prazer. Facilitar o existir.
“Grande parte da vitalidade de uma amizade reside no respeito pelas diferenças, não apenas em desfrutar das semelhanças” – Fredericks.

Um comentário:

  1. Mestre!!! Que maneira interessante de falar sobre as diferenças!! Muito interessante! O livro "Homens são de Marte e Mulheres são de Vênus" discursa bem tb sobre esse assunto!!Bjo
    Fabíola Almeida

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