domingo, 21 de novembro de 2010

Atribui-se a Chaplin a frase: “a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios”

O ensaio é livre, podemos errar e corrigir, não tem o “peso” da apresentação, é o treinamento que permite a busca do aprimoramento. O ensaio é leve, descontraído, brincalhão, permite erros e risos (como vídeo cacetada). O dia da apresentação é sempre estréia, pois na vida as circunstâncias são sempre diferentes, podendo ser parecidas, mas nunca iguais. É tensão e expectativa pelo bom resultado, gerando estresse; abomina erros. Quem determina o estado de relaxação ou ansiedade é a autocensura, com o discurso do acerte sempre, não erre nunca, seja perfeito, agrade sempre, o que os outros irão pensar... . O melhor em ser criança e idoso é que no primeiro ainda não existe a censura, e no segundo ela é “frouxa”. O pagamento maior do artista é o aplauso pela sua atuação. Ele se aprimora no ensaio, constrói um personagem, elabora gestos e sons, necessita da cena ideal. Tem significativo estresse que depois será compensado pelo reconhecimento do seu trabalho, que é encantar, entreter, ser mensageiro da formação pelo gosto da estética e beleza, e, arauto da cultura. Quem realiza com arte o seu trabalho constitui-se na elite da sociedade. Que escolhas podemos fazer no teatro prolixo da nossa existência? Temos que decidir entre o conceito da ”perfeição” do nosso desempenho, considerando todo custo emocional e a possibilidade de aplausos sinceros, e, a leveza do desempenho pessoal e profissional na obtenção do conceito “bom”, procurando agradar a quem nos é conveniente, considerando até a possibilidade do reconhecimento das pessoas sensatas. Devemos ter sabedoria para identificarmos a diferença dos momentos. Aqueles que podemos considerar ensaio (que permite criar, compor, errar, corrigir, rever, ajustar, rir e brincar), e, outros que exigem a melhor representação, mesmo vivendo o estresse negativo (nos momentos que antecedem o espetáculo para apresentação do nosso trabalho e durante a execução do mesmo), pois, após esse tempo iremos experimentar o estresse positivo, pela satisfatória apresentação e o prazer da conquista. A excelência na vida é viver sem medo, ou, com medo circunstancialmente justificado. A qualidade de vida depende da falta de compromisso com a necessidade de sermos vencedores sobre as pessoas, coisas e sobre nós mesmos; de nos superarmos sempre (nosso modo de pensar, agir e sentir a vida não depende só da gente, também das circunstâncias). A vitória e a derrota são dois impostores naturais. É bom festejar a vitória (sem vaidades) e aprender com as derrotas (sem sentir-se humilhado). Existem momentos para tudo: para aprender e esquecer; de esquecer para lembrar; de levar a vida a sério e nem tanto; de estar do lado das pessoas e se ausentar (para não sentirem o peso da nossa presença); de ser sensível e indiferente; de falar e escutar; de sentir que ás vezes o dia demora passar, mas a vida é breve. Enfim a vida é um paradoxo, quando estamos aprendendo a lidar com os complexos, angústias e desajustamentos, já está na hora de abandoná-la.
Aprendi com o tempo que devemos ter mais dias de ensaio e menos dias para cumprir as regras ao desempenhar um papel cujo texto nem sempre fomos nós que escrevemos. Muitas vezes desempenhamos um personagem que nem sempre gostamos de realizá-lo, em busca da necessidade em agradar os outros e receber aplausos que nem sempre são sinceros. Normalmente é um custo alto para tão pouco benefício.

5 comentários:

  1. Professor Mingrone, custo crer que o encontrei durante uma blogagem dessas da vida. Fui seu aluno em Batatais SP. Sou da turma de 96. Quero deixar aqui registrada a minha alegria em saber que o senhor também publica os seus textos, e também quero dizer que sua escrita continua impecável tal qual sempre fora sua retórica. Parabéns, Mestre!
    Lendo o senhor agora, muito me recordei de Ruben Alves. O senhor gosta?

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)

    Gostaria de lhe convidar para que comentasse o meu “A Cruel Vingança De Seu Ignácio”. Ok?
    http://jefhcardoso.blogspot.com de blog em blog.

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  2. Caro amigo
    fico feliz com o encontro.Serei seguidor do seu blog. Parabéns pela iciativa e qualidade de artigo, sugere reflexões importantes. Gosto muito de Rubem Alves e o cito com frequencia. Abração, seu sucesso é a minha alegria.

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  3. Professor, foi uma honra ler aqui e tê-lo em visita ao meu blog e receber o seu apoio como seguidor. Obrigado por sua atenção e carinho. Espero que este seja apenas o primeiro contato, após o reencontro, de muitos outros que virão.
    Sou um apaixonado por Rubem Alves. Quero lhe fazer um convite específico. Quero convidá-lo a ler em meu blog “Rubem Alves”. Esse é o nome da postagem onde narro um feliz encontro que tive com o escritor neste ano de 2010, na bela Poços de Caldas.

    Abraço!

    Jeferson

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  4. Olá Professor Mingrone quero falar da satisfação de ser o Centésimo Seguidor do seu blog pra mim fazer parte dessa rede é muito satisfatório.

    Espero contribuir para seus pensamentos, lindos pensamentos e textos escritos.

    se puder dá uma passadinha no meu blog esteja a vontade http://acdesterro.blogspot.com
    Forte abraço.

    Dário Cardoso

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  5. Caro Dário
    fico feliz por este encontro, não presencial, mas, real. É um previlégio desfrutar de sua amizade e refletirmos pemsamentos. Sou seguidor do seu blog. Abraço

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