segunda-feira, 24 de maio de 2010

Por que será?

- que nem sempre demonstramos o que sentimos? Temos dificuldades em revelarmos o que pensamos, e, quem realmente somos. Procuramos revelar sermos uma pessoa que pensa, sente e age conforme um modelo idealizado. Não queremos que os outros descubram as nossas verdades (companheira sempre presente). Aprendemos a jogar com nossos próprios sentimentos, escondendo o que sentimos e dissimulamos o que nos aflige.
-que às vezes choramos de alegria e outras vezes rimos de nervoso e tensão? São diferentes reações às emoções, distintas e opostas. A lágrima quando produto do choro que revela contentamento tem sabor diferente da lágrima produto da tristeza, devido composição química diferente. O riso por vezes incontrolado como resposta a uma situação de tensão é a necessidade de não revelar o nervosismo e buscar a relaxação (no que se baseia a terapia do riso).
- que a embalagem das pessoas é diferente do conteúdo? Preferimos mais discutir o invólucro do que o conteúdo? Na quase totalidade das vezes, o ser humano está mais preocupado com a aparência, com o invólucro, com o verniz, com a superficialidade; do que discutir a essência, o conteúdo. Avalia---se muito pelo que vemos e pouco pelo que sentimos. Enfim, existem no mundo pouquíssimas pessoas realmente interessantes.
- que criamos ídolos para serem idolatrados? Precisamos de uma estátua, de uma figura, de uma imagem que represente uma divindade (ou um ser quase perfeito) conforme a necessidade de cada um, para não nos sentirmos solitários no mundo. Temos a necessidade de criarmos um personagem, ou escolhermos um, para adorarmos, e, a ele conferirmos poderes especiais ou qualidades específicas que nos faltam. Temos a necessidade de adorarmos, de respeitarmos um personagem; por isso escolhemos um e criamos outros, normalmente conferimos aos ídolos poderes e qualidades que eles não possuem. Essa admiração é cega e incondicional. Baseia-se na necessidade humana.
- que o silêncio pode ensinar mais do que as palavras? A falta de uma resposta diante de uma pergunta, também é uma resposta e na maioria das vezes é mais sincera. Quem domina uma conversa é quem ouve e não quem fala. As palavras falam o que o pensamento elabora segundo interesses específicos, o silêncio é o encontro com o que pensamos e o que sentimos, sem máscara e sem a possibilidade de manipularmos a verdade. O silêncio permite o encontro com a consciência. As palavras sugerem a formação de uma imagem que queremos que os outros construam, de nós mesmos, ou de uma situação.
- que estar com o grupo é legal, mas, quem nos nutre como pessoa é a solidão? Quando estamos com o grupo, devido a necessidade natural que temos de pertencer á alguma coisa (grupo de oração, igreja, confraria, time de esporte, juventude ..., terceira idade, associações de pessoas, etc.) é preciso adaptar-se aos interesses do grupo, perdemos momentaneamente a nossa identidade na maneira de querer e fazer as coisas, em benefício da realização e manutenção do grupo. A solidão nos permite a elaboração sem a presença das influências de outras pessoas naquele momento. O homem é um ser solitário, necessita para elaborar acontecimentos em sua vida de estar só, para isso necessita exercitar o prazer que pode originar sua própria companhia.
- que o tempo deve ser criado para nos prepararmos e nos sentirmos prontos para atendermos as solicitações da vida? A vida é um processo. O homem é um projeto em constante construção (reconstrução), que nunca estará pronto. O tempo neste processo parece não existir ou estar determinado. Qual é o melhor tempo? Não estamos preparados para nada (para viver, para morrer, para casar, para não casar, para ter filhos, para não ter filhos, para viver com alguém, para morar só). O importante é nos colocarmos em condição de disponível para... . Entende-se por tempo a ser criado aquele em que determinamos para execução dos fatos ou conquista de uma situação. Este tempo não está disponível para aquisição no mercado. Ele é justificado pelo momento emocional, caracterizado pela vontade de iniciarmos um processo para conquistarmos um objetivo e mantê-lo.
- que o mais importante é pensar, e, que ninguém nos ensina o que realmente seria necessário aprender? Como os músculos se tonificam com os exercícios físicos, a mente se constrói com o exercício da crítica consciente. Isto parece não interessar para quase totalidade dos sistemas, cujo lema é: primeiro não permitir pensar para que não venhamos saber de tudo (Primo non nocere = Primeiro não conhecer). Os sistemas querem nos manter reféns, não ensejam a liberdade, isto é tão significativo que começa no próprio ambiente familiar. Faltam mestres, a maioria dos nossos professores, apenas vendem aulas, nem sempre do assunto que é necessário, muito mais dos assuntos que eles sabem, das aulas que já tem pronta ou acreditam que é importante segundo a própria avaliação. Não facilitam o aprendizado porque efetivamente não sabem, é preciso considerar que há exceções. O ser humano reage muito mal à crítica. Ele tem dificuldade de aceitar o pensar diferente. É bom sabermos: “todas as vezes que provocamos o outro a pensar estamos prestando a ele um grande favor”.
- que estamos preocupados com as respostas, mas, o conhecimento acontece em função das perguntas (são elas que movem o mundo)? As pessoas falam muito mais do que acham do que efetivamente sabem. As respostas favorecem um julgamento rápido, sem a inquietação da pergunta e a busca consciente da resposta. Porque nem toda pergunta tem uma resposta objetiva, concreta, de fácil mensuração e única. Não gostamos de pensar, somos mentalmente preguiçosos. A pergunta carrega uma dose natural de inquietação. O bom professor, pai, amigo, é aquele que sugere o pensar, que instiga a inquietação. A pergunta é que ocasiona a busca, a resposta o conformismo.
- que o que nos leva a um objetivo é o saudável exercício da dúvida? A dúvida é o que nos permite colocarmos diante das possibilidades, é descobrirmos novos caminhos, é acreditarmos que existem outras possibilidades. Permite estabelecer estratégias que possibilitem conquistar o objetivo e ter flexibilidade para mudar de conduta diante de determinada situação. A dúvida permite superar o determinismo, o fatalismo.
- que sempre é bom nos certificarmos do que vemos, ouvimos e acreditamos? Porque os fatos nem sempre são do jeito que parecem ser. Existem maneiras diferentes de interpretarmos o mesmo fato. Tudo depende das experiências vívidas e o tipo de olhar que temos para este fato. É preciso considerar os interesses que nos movem e nos envolvem no fato. Acreditar em alguma coisa num determinado período ou fase da vida pode nos sustentar; porém, em função de novas circunstâncias, a mesma coisa pode ser motivo de dúvidas, ou da certeza daquilo que acreditamos em um determinado momento não tem mais o mesmo entendimento e valor. As pessoas falam o que querem e do que sabem; da forma que conseguem se comunicar, e, com palavras influenciadas a nos convencer ( no que querem que os outros acreditem). É comum as pessoas terem uma forma de discurso e outro tipo de prática na vida. A mentira é pratica habitual, o motivo que gera a mentira é que muda.
- que a humildade é a melhor atitude para vencermos gradativamente a ignorância? Quanto mais sabemos, mais claro fica que muito pouco se sabe, e, que é necessário procurarmos saber mos mais. O humilde está convencido da necessidade de seu esforço na busca da conquista de novos saberes. O auto-suficiente, aquele que acredita que já sabe o necessário, não se mobiliza, não sai da inércia para aventurar-se no mundo do conhecimento progressivo, mantendo-se entre aqueles que ignoram, no máximo compondo um grupo com os medíocres.
- que as homenagens cultuam as pessoas ao invés de trazerem maior responsabilidade? O certo é homenagear o gesto. As pessoas são vaidosas e gostam de serem homenageadas. Essas homenagens conferem e estimulam um sentimento de valor negativo para a sociedade, que é a vaidade; não trazendo nenhum compromisso com a responsabilidade. A homenagem é um evento que erroneamente evidencia a pessoa das demais no grupo social; e, não na atitude, no gesto.
- que só dizer sim é prejudicial; dizer não pode ser um ato de amor? Não há regras estabelecidas. O mesmo motivo ás vezes deve ser sim outras vezes é melhor não (vice-versa). O importante é primeiro responder para si mesmo: por que sim? Por que não? O ideal é que a atitude a ser tomada seja sempre em benefício de algo ou alguém e não ser expressa apenas por vontade própria, só para contrariar ou por estar de mal humor.
- que quando fazemos elogios somos tímidos e parcimoniosos? Que temos medo de valorizarmos o outro/ de realçarmos a sua ação/de colocá-lo em destaque? É interessante a facilidade que temos para destruirmos aqueles que realizaram alguma conquista, sempre pondo em dúvidas os meios e a forma. O sucesso do outro nos incomoda, é um pecado imperdoável. Os incapazes procuram sempre desvalorizar as ações dos bem sucedidos; procuram destruir o sucesso dos outros para se nivelarem. Os competentes, os que realizam, os que constroem, sempre estimulam a realização dos outros e aplaudem seus resultados.
- que as pessoas votam nos seus semelhantes? O governo é o povo, quem administra são os governantes. O Congresso Nacional, as Assembléias Estaduais, as Câmaras Municipais, são representativas da sociedade, as pessoas que lá estão escolhidas pelo povo, representam a situação real da sociedade, tendo representante de todos os segmentos. Quem é ruim, o Congresso Nacional ou o povo que elege aquele que tem condutas semelhantes as suas?
- que as leis não resolvem os conflitos sociais? Não nos faltam leis e nem são elas inadequadas, o que nos falta é educação para formar pessoas que cumpram as leis. De nada adianta criarmos leis e fazermos aplicações severas senão mudarmos a educação do povo.
- que na maioria das vezes somos egoístas quando devíamos ser generosos? Só é generoso aquele que é dotado de caráter nobre; quem tem sentimentos nobres; quem busca manifestar uma grandeza de alma. A generosidade é fruto daqueles que buscam e executam o desprendimento pessoal para permitir a satisfação do outro. A maioria das pessoas são receptoras, acreditam que só tem prazer quem recebe, quem ganha. Interessante para elas sempre falta alguma coisa. O doador, o generoso, é liberal, é franco, é benevolente. É como aterra generosa: fértil. Pietro Baldi dizia que quem escolher intenções elevadas no exercício de suas atividades, jamais esbarrará no fracasso infeliz. Algumas vezes o ser humano tem pensamentos equivocados que os leva a procedimentos equivocados.
- que quando éramos jovens, queríamos namorar com aquelas que queriam ser apenas nossas amigas? Talvez por que queríamos apenas ser amigo daquelas que queriam ser a nossa namorada. Havia uma música cuja letra dizia: “quem eu quero não me quer, quem me quer mandei embora”. Oswaldo Montenegro diz que a vida é feita de encontros, apesar de tantos desencontros!
- que a vida exige que sejamos “duros” quando ela mais nos “enfraquece”? A literatura de auto-ajuda, que mais ajuda quem escreve, descreve a vida de maneira simples. Algumas pessoas costumam dizer que a vida é fácil, a gente é que complica. A vida é naturalmente complexa, o processo de vida é difícil. A literatura que permite o autoconhecimento e a terapia que favorece o conhecimento de si mesmo (nossos limites e possibilidades) tornam possíveis os enfrentamentos das nossas dificuldades, nos fortalecendo e permitindo percebermos as dificuldades como desafios, como oportunidade de nos revelarmos conscientemente transformados. O que era um obstáculo intransponível, com conhecimento e determinação pode ser transposto. ”A diferença entre o possível e o impossível está na vontade humana” – Louis Pasteur.
- que os poderosos revelam que a insanidade humana se esconde atrás de mentes brilhantes? Para eles como falta á censura de suas consciências, não há conflitos para serem superados; tudo é possível e permitido. Estabelecer estratégias, articular planos e executá-los, é simples; não precisam ser avaliados, discutidos, questionados. Nossa mente é permissiva, pensamos o que queremos pensar; este exercício é fácil, o que a moral, a ética e a lei não permite é executarmos tudo que pensamos. Os poderosos, desprovido desses valores, entendem e agem como se eles próprios fossem as leis. O fato não está na mente brilhante e sim na permissividade.
- que as pessoas criativas, na maioria das vezes, foram ou são rebeldes? O rebelde não é conformista. O conhecimento é o oposto ao conformismo.
- que dinheiro não dá em árvores? Não existe plantação de dinheiro. Dinheiro plantado em terra fértil não germina. Dinheiro se ganha através de herança ou se conquista com o trabalho.
- que conseguimos matar a mãe da gente várias vezes no processo da vida e ela se nega a morrer até chegar a hora? Ser mãe é sofrer no paraíso, já diziam os poetas. Para mim foi Ruy Barbosa o que melhor definiu mãe: Mãe é Mãe! Quando não temos a quem culpar pelas nossas dificuldades e nossos transtornos, surge a misteriosa figura da mãe, a eterna culpada. Interessante, quando viva pouco lhes damos valor , quando nos falta faríamos muitas coisas para vê-las novamente. Mãe não deveria ser uma pessoa e sim uma instituição. Mãe é um ser assexuado capaz de gerar uma prole.
- que o ser humano deixasse de existir, além de não fazer falta, a natureza agradeceria? Não somos construtores, somos predadores, consumidores sem se importar com o ambiente. Somos, voluntariamente, destruidores de fatos, de pessoas, e, criadores de boatos, de desertos humanos e ecológicos. É preciso controle com intervenção pessoal nas condutas do cotidiano.
- que fazemos falta para alguém? Alguém nos faz falta? “Há pessoas que nos falam e nem escutamos; há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam; mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossa vida e nos marcam para sempre” – Cecília Meireles. Sentimos falta daquelas que nos estimularam a reaprender a ver o mundo. Só iremos fazer falta á alguém quando amarmos esta pessoa no momento em que ela mais precisar, independente de merecer ou não.
- que não podemos ensinar nada? Não existe o ato de ensinar e sim o de aprender. Galileu Galilei dizia que não podemos ensinar nada a um homem; podemos apenas ajudá-lo a encontrar as resposta dentro dele. O professor não ensina facilita o aprendizado.
- que as decisões que tomamos, por mais simples que sejam, podem provocar profundas alterações na vida de outras pessoas? As vidas das pessoas estão interligadas. Toda decisão de uma pessoa influência o comportamento de outras. Somos responsáveis pela felicidade ou não dos outros, como sua realização e por vezes até do fracasso. Nossos atos, mesmo podendo ser explicados e justificados, são monumentos concretos, são eternizados.
- que é melhor ser sábio do que competente? Mais importante do que o conhecimento é a sabedoria: o sábio não se exibe, por isso brilha. O sábio não se faz notar, e por isso é notado. O sábio não se elogia e por isso tem mérito. O sábio nunca está competindo, por isso ninguém pode competir com ele.
- que a paz desejada é tão difícil de ser conquistada? Lembro que um dia estava numa loja comercial e vi uma mãe “batendo” no filho (com 3 ou 4 anos) e pedi para ele parar de chorar. Dirigi-me a ela e disse se a senhora quer que a criança pare de chorar, primeiro deve parar de bater (não é possível obter-se a paz fazendo a guerra). Paz é um estado de calma, de tranqüilidade, só possível de ser obtida com a ausência de conflitos. Conquistar a paz é conseqüência de procedimentos que possibilitam a sua ocorrência. Se a saúde é exclusão da doença, a paz é a exclusão de todos os sentimentos negativos, ou vive-se de uma forma ou de outra. É difícil de obtê-la e muito fácil perdê-la. Uma das maneiras que possibilita a ocorrência da paz, mesmo que temporal, é nos incomodarmos apenas com o inevitável, considerando apenas o que nos convém. É fundamental nos livrarmos das influências negativas dos outros (o inferno é os outros). Quando perguntavam para o meu pai como ele estava vivendo, dizia ele que só não vivia melhor por causa dos outros. “A paz vem de dentro de você mesmo. Não o procure em sua volta” – Buda. Promovermos a paz é de nossa competência. “A paz do coração é o paraíso do homem” – Platão. Nós iremos para aonde nos levam os nossos pensamentos, as nossas condutas e reações.
Qual o grande destino do ser humano? Procurar fazer escolhas que permitam conquistar: a paz; a saúde e as boas oportunidades para realizações no trabalho. Nosso destino é: procurar sofrer o mínimo possível; promover o máximo possível o que nos dá prazer; ter dinheiro para financiar a vida; e, que esta tenha um sentido explícito de participação e contribuição social. A generosidade é o caminho seguro que nos leva às principais realizações das necessidades humanas. Fazer o bem e gratidão, são os responsáveis pela conquista e manutenção de um estado de satisfação e prazer na vida dos simples mortais. Colocar-se no lugar do outro é a única possibilidade de renascermos dentro de nós mesmos. Os feridos podem até dormir em paz; os que ferem, não.
Aforismos:
- Nos esquivando do sofrimento podemos perder a possibilidade de encontrarmos a felicidade.
- Na vida é impossível evitarmos a dor, entretanto, podemos minimizar o sofrimento.
- O valor das pessoas e das coisas, são conseqüências do que elas nos representam.
- As coisas bonitas na vida podem ser as vistas e as tocadas, mas, certamente as que geram maior satisfação são as sentidas pelo coração.
- “Amo-te não por quem tu és, mas, por quem eu sou quando estou contigo” – Gabriel Garcia Marques.
- Cometer os mesmos erros é burrice, devemos deixar a oportunidade para cometermos novos erros.
- esperando acontecer uma grande alegria nas nossas vidas (ás vezes até impossível ) deixamos de experimentar pequenas alegrias.
- devemos nos perguntar sempre: quanto de amor, pomos no que dizemos e fazemos?
- a felicidade mais fácil de ser obtida é conseqüência do conforto que promovemos na vida do outro.

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