terça-feira, 22 de junho de 2010

Descobrir e Valorizar

A vida, muito mais do que uma medida de tempo, deve ser caracterizada pelas sensações e aprendizados originados pelas múltiplas experiências proporcionadas por nossas escolhas. Sempre produzirão efeitos que estão relacionados com o valor que percebemos e sentimos em cada evento, conforme o momento e a ocasião.
Descobri que a felicidade não pode depender de ocorrências extra-ordinárias. Não é produto do envolvimento de paixões duradouras que necessitam ser renovados constantemente para que não enseje a monotonia; nem de sucessivas conquistas financeiras e sociais. A felicidade é um estado sutil e efêmero, inconsciente ou não, produto do resultado da ausência de conflitos e a sensação do bem-estar que a ação do momento pode nos proporcionar. A felicidade é um fenômeno ocasional e temporal. É uma sensação de significativo prazer que não pode ocorrer despercebida, são momentos que precisam ser descobertos e valorizados.
A gestão do prazer, mesmo sofrendo influência das circunstâncias, é pessoal. Somos nós que atribuímos uma escala de valores para os eventos, que sofrem variações conforme nosso humor e o conceito pré-estabelecido para as pessoas e os fatos.
Primeiro é preciso descobrir o que nos proporciona prazer. Posteriormente devemos aprender a conviver com as dificuldades, pois, sempre existirão.
Determinados fatos, que representação tem nas nossas vidas? Como influenciam a qualidade do momento? Qual a importância que damos para eles? Qual é efetivamente o significado de cada evento e os benefícios que podem nos trazer? Qual o custo x benefício de uma ação; vale á pena?
Descobri, nas diferentes fases da minha vida, o valor das “grandes” pessoas e das “pequenas” coisas. Verifiquei que existem inúmeros facilitadores para obtenção de momentos de satisfação, e, abandono temporariamente de conflitos. Descobri como fazer para permitir e valorizar “quem” e o “que” influenciassem positivamente a minha vida.
Primeiro procurei sempre compreender as pessoas, descobrir o que elas tinham de melhor e valorizá-las, respeitar suas individualidades e limitações. Percebi que o sentimento que experimentava por elas era de amor. Sei que nem sempre consegui, me perdoei pelas minhas imperfeições, devido ás limitações da espécie humana e particularmente as próprias. Como conseqüência, muitas pessoas me compreenderam, me valorizaram, me respeitaram e me amaram. É impossível agradarmos todas as pessoas; humildemente peço desculpas para aquelas que eu desagradei.
Lembro sempre das palavras de Cristo quando disse que não veio ao mundo para ser servido e sim servir. Mais do que confessar-me cristão, procurei, como simples mortal, viver seus ensinamentos. Minha missão foi servir. Interessante! Com um olhar histórico sobre a minha vida, percebo que fui muito mais servido do que servi. Minha realização foi com a convivência familiar, com meus amigos e alunos. Devido meu tempo de vida e atividade profissional, muitos foram meus alunos que se transformaram em amigos. São especiais para mim. Dedico o melhor da minha vida para eles. Família, alunos e amigos, representam a força motora para a realização do meu trabalho, configurando o sentido da minha vida. Se não dermos um sentido para a nossa vida, qual é o sentido dela? Uma relação construída com confiança é duradoura. Eles são a minha realização até o final dos meus tempos; representam a extensão da minha vida. O sucesso deles é a minha alegria. Por estar próximo do final da minha jornada, confesso que foi uma excelente jornada, não clamo por uma prorrogação de tempo para a vida, mesmo entendendo que viver é uma experiência genuinamente fantástica, e sim, para que descubram o valor das pessoas, que as valorize e sejam consumidos pelo gozo das coisas. Viver é a arte de administrar; administrar é a arte de estabelecermos prioridades; é preciso descobri-las, valorizá-las e hierarquizá-las.
O fantasma da saudade sempre me toma a mão e caminha comigo quando entro nos aposentos em que reside o meu local de descanso, revejo o passado e contemplo com alegria o presente, como: as comemorações em família; as brincadeiras com os amigos; a escola; o namoro no portão; os sonhos e suas realizações; acariciar as próprias descobertas e a dos outros também; a delicadeza da generosidade e da gratidão; o cheiro de mato e o sabor da fruta silvestre; o passeio na praia de mãos dadas; o banho de cachoeira e o mergulho no rio; escrever para a amada; fazer amor, principalmente no sábado à tarde (dia universal da pratica do sexo); o cheiro de pizza no sábado à noite; tomar chope com os amigos; assistir um filme ou uma peça de teatro em boa companhia, depois jantar e namorar; estar com pessoas que gostamos e nos valorizam; ouvir música; ter esperança e incentivar os outros; poder dispor de um colo e ombro amigo; apreciar os fenômenos da natureza; degustar a comida e bebida preferida; viajar para conhecer lugares e culturas diferentes; fazer o que gosta ou gostar do que está fazendo, toda vez que possível. Enfim ser seu próprio amigo e amigo dos amigos.
Reflexões:
- “No fundo de um buraco ou de um poço, acontece descobrir-se as estrelas” – Aristóteles. – “Cada homem deve descobrir o seu próprio caminho” – Sartre. – “Não espere por uma crise para saber o que é importante em sua vida” – Platão. Lamentavelmente, só percebemos o valor das pessoas e das coisas quando não a temos. - “Amor talvez seja isso ... descobrir o que o outro fala mesmo quando ele não diz” - Pe. Fabio de Melo. - “Quantos vivem toda vida sem descobrir o que sabem e amam? Tantos. Não ser um desses é um desafio e a missão de cada um” – Richard Bach. - Fazendo referência á Honoré de Balzac, delibero afirmar que se o maior de todos os amores não for correspondido (ou algo está difícil para ser conquistado), assim mesmo vale à pena, pois, com ele cresce o interesse para aumentar a avidez da carne e a tortura para valorizar o prazer. – “Supor é bom, descobrir é melhor” – Mark Twain. – “A feiúra, onde quer que esteja, tem sempre um lado belo; é fascinante descobrir beleza onde ninguém consegue ver” – Toulousse Lautrec.
Se no decorrer da vida, descobrirmos que foi tudo um sonho ou simples ilusão, ainda será possível considerarmos que as nossas descobertas nos serviram. Nenhuma conquista na vida pode ser considerada fácil,portanto, mesmo as aparentemente simples, devem ser valorizadas.

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