quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Uma Questão de Mente

Muito cedo percebi que temos no mínimo dois tipos de vida no decorrer da nossa existência; uma que projetamos (a que gostaríamos de viver) e a outra que efetivamente vivemos (a que acontece conforme a realidade).
Literatura sobre o comportamento humano sempre foi o meu interesse de estudo e reflexão, envolvendo a psicologia, filosofia, antropologia, sociologia, teologia. Por influência das histórias em quadrinhos havia formado um conceito de classificar as pessoas e as coisas em categorias, por exemplo, as pessoas do bem e as do mal; as coisas boas ou ruins. Esta dualidade faz parte do raciocínio das pessoas. Foi difícil me libertar da necessidade em separar as coisas em apenas duas categorias, e, entender que além de existirem classes intermediárias, uma mesma coisa pode pertencer ás duas categorias, conforme a sua utilização e modo de compreender o fato, pois, depende da situação, do momento, das circunstâncias. E que discordar de conceitos estabelecidos por outros e ter opinião diferente das demais é possível e salutar.
O tipo de educação escolhida pela sociedade e na qual sou produto, provocava um escândalo na minha razão ao ler o livro de Jó. Como um homem justo e virtuoso, temente á Deus, poderia estar submetido a todo tipo de calamidade e desgraça. Ainda bem que depois de tanto sofrimento ele recupera a paz, a prosperidade, a felicidade. Por não condizer com a verdade e a justiça havia concluído: Deus não existe ou é um tremendo gozador.
Havia aprendido que Deus Criador e Provedor possibilita-nos contemplar o simbolismo da beleza, de entendermos naturalmente a profundidade dos sentimentos. Que Ele nos toca positivamente o coração. Acostumei escutar nas igrejas o cântico de livramento; da vitória devido o poder de vencermos os obstáculos; da salvação e o triunfo eterno como presente.
A existência é um mistério. O que acreditamos é visionário, ninguém prova nada. Acreditamos naquilo que nos convém e justificamos nossas crenças procurando torná-las verdades absolutas, devido o medo de considerar que estamos equivocados ou que nos falta o real conhecimento. Ignorar é uma vergonha. Temos opiniões sobre o que entendemos e afirmamos com maior veemência o que não conhecemos.
Investigações confiáveis nos informam que o sofrimento humano tem origem na lenda. Posteriormente é condição da vida, justificada como: provação, determinismo, fatalismo, necessidade para o aprendizado, provocação divina, resultado de julgamentos, conseqüências, etc. Sofremos influências genéticas, da educação familiar, na escola, do meio ambiente onde desenvolvemos a construção dos valores que nos servirão de referências, e, da mente racional também chamada de inconsciente coletivo. Somos um conjunto de crenças, opiniões e conceitos determinados.
Em sânscrito a palavra homem significa “o mediador”. Entende-se ser aquele que precisa: conhecer, medir e ponderar todo tipo de conhecimento para realizar a melhor escolha nas suas decisões e atitudes. Portanto, é fundamental despertarmos as nossas potencialidades. Não podemos manter apenas a satisfação no encontro dos “prazeres da carne”, condição que caracteriza as primeiras fases da vida. A condição de infante deve ser substituída por atitudes maduras.
No nosso desenvolvimento, começamos a perceber que o essencial para minimizarmos o sofrimento humano é invisível aos olhos, como: pensamentos, sentimentos, sensações, emoções, imaginação, sonhos, esperança, fé, confiança, alegria, afeição, desejos, amor, anseios, aversões, preferências e antipatias. Somos muito mais do um corpo, do que carne (mesmo sendo de primeira qualidade). Os elementos citados constituem efetivamente quem representamos ser. Somos o fruto do resultado de uma mente consciente e do subconsciente. O homem é um ser em relação (consigo mesmo, com os outros e com o mundo), portanto, estar bem, estar feliz, gozar saúde, viver com menos sofrimento (impossível eliminá-lo de qualquer forma de vida, que é a busca no atendimento das necessidades), depende da harmonia nas relações das nossas mentes.
Homens e mulheres possuem hormônios de ambos os sexos, predominando o masculino ou feminino conforme o sexo. Os hormônios masculinos são responsáveis pela formação: do pensamento, das idéias, dos planos, da imagem, e, da caracterização de um propósito. Os hormônios femininos influenciam: a emoção, os sentimentos, o entusiasmo, a fé, e, a receptividade.
Considerando a vida como o conjunto das funções que resistem á morte, essas funções precisam fluir harmoniosamente para que a vida flua com harmonia; caso contrário irá manifestar-se a doença, o fracasso, a insatisfação e o sofrimento. Pensamentos negativos possibilitam a ação de sentimentos negativos; pensamentos ruins possibilitam o surgimento de poderosas emoções destrutivas que serão geradas e alojadas na mente consciente. Essas emoções desencadeiam outras emoções de difícil controle formando complexos, com sentimentos destruidores, pois, as emoções são válvulas de escape naturais.
Não importam quais sejam os nossos hábitos, somos escravos deles. Já que somos e seremos, porque não sê-lo de bons hábitos? Apenas um hábito substitui outro hábito. Devemos exercitar um hábito saudável para substituir um hábito prejudicial. A palavra de ordem é harmonia, para a vida fluir o mais natural possível.
Exemplo de prática de um hábito saudável: “sair da cama antes da preguiça; a primeira atitude do dia deve ser uma comum-união com a natureza, com o Criador, para que bons pensamentos, seguidos de boas emoções nos acompanhem no decorrer do dia”. Nossas mentes têm espaços vazios que serão ocupados por coisas boas ou ruins. Podemos escolher o que queremos “colocar” nesses espaços para sugestionarem nossas vidas ou iremos permitir pela passividade que a vida ocupe esses espaços. É melhor santificarmos as nossas mentes para gerarem boas idéias, pensamentos saudáveis e imagens santificadas, para nos conduzirem.
Estamos sem exceção sujeitos a depressão, considerada o maior mal do século. Em função da ação destruidora da mente coletiva vivenciada pelo medo, pela necessidade em vencermos a qualquer preço independente da forma, pela inveja, pelo egoísmo onde a realização individual é mais importante do que o bem coletivo, e, por não estarmos atentos, essas vibrações negativas podem ocupar a mente consciente e passamos a nos sentir tristes e desanimados. O ambiente negativo formado pelo conjunto de pessoas, afeta o nosso ânimo inibindo as ações positivas, como a iniciativa e o entusiasmo. Semelhante aos demais órgãos a nossa mente não para de trabalhar; ou eles trabalham ao nosso favor ou contra nós. Há muitos escritos sobre o poder da mente consciente e subconsciente. Elas nos ajudam ou atrapalham; não são indiferentes. O dragão que precisamos vencer e que representa ser nosso maior inimigo são os nossos pensamentos negativos, destruidores, que impedem o fluxo normal da vida em harmonia com o prazer. É bom sabermos que esses pensamentos negativos que fazem sombra aos momentos que poderiam ser desfrutados com felicidade, são quase sempre falsos. Bem aventurados os que conseguem afirmar a sua confiança no amor e sua fé na bondade de Deus.
Em qualquer situação existe sempre um dialogo mental. Os pensamentos ocorrem em pares; são oponentes. Quando desejamos um conceito afirmativo, positivo (como a saúde), surge o pensamento contrário, negativo (pensamos na doença), e, o desafio está estabelecido. De um lado temos sempre a ação da natureza (simbolicamente representado por Deus que deseja que vivamos em harmonia) X do outro lado a ação negativa da nossa mente (representada pelo desejo de conquista do Satanás). O resultado deste confronto depende de nós. Depende da nossa ação com o exercício do controle mental positivo ou simplesmente da nossa inércia, não fazendo nada, não intervindo na ação destruidora dos pensamentos negativos. Neste dialogo interior devemos intervir para expulsarmos o inimigo das nossas vidas (satanás) e permitir a ação benevolente de Deus, representada pela vontade dominante, prevalecendo a idéia principal, que é a realização prioritária no atendimento das nossas necessidades envolvendo sempre a saúde, a realização profissional e o sucesso financeiro.
Normalmente quando pensamos em vitória surgem na nossa mente dúvidas; que ressaltam as nossas poucas aptidões e competências, sugerindo a impossibilidade de uma realização vencedora e o surgimento mais provável de fracasso. Devido ocorrência desses fatos, algumas religiões, onde as regras e resoluções se transformam em leis determinadas por pessoas, cujas interpretações variam conforme o próprio entendimento ou interesse, que acreditam ou fazem os outros acreditarem na existência de demônio(s) que circulam pelos planetas para sugestionarem individualmente as pessoas. O fato é que para cada pensamento existe uma ação positiva (um sim) e uma ação negativa (um não). A primeira é a manifestação atribuída á Deus e a outra ao Diabo. Esta luta é eterna. A oração (meditação positiva) e a reza (uma forma de mantra) é a maneira que temos para clamar força para resistir a ação do inimigo e obter a orientação Divina. Afirmam os líderes religiosos que a ação mais eficaz de satanás é fazer os outros acreditarem que ele não existe. É a cultura da falta de informação e/ou do medo.
Nesse dialogo mental, o conflito está estabelecido e perdemos o controle das emoções. O inimigo revela sempre seu caráter destruidor, e na maioria das vezes com a nossa permissão, devido á falta de ação. O resultado implica em sofrimento ou não, depende da nossa ação. Aconselha-se fortalecermos as idéias positivas (estabelecendo uma aliança com Deus) e a expulsão sistemática do demônio (nossos pensamentos negativos). A palavra satanás significa errar, deslizar, afastar-se de Deus e da verdade. Também significa a mente racional, a mente do mundo que influencia a todos. Algumas pessoas não valorizam fatos relevantes que inquietam os outros, por isso é que dizemos: “se és feliz na ignorância, porque tornar-te sábio?”.
O grande milagre de Deus para a vida é ter-nos conferido os meios necessários para o enfrentamento das diversas situações que são decorrentes da própria vida. Em respeito á Deus, é nossa obrigação despertarmos nossas potencialidades para serem usadas positivamente, como vencedores.
Nossa primeira formação de idéias foram á partir de conceitos herdados. Fizeram acreditar que o papa seria o representante de Deus na terra. Somos doutrinariamente adestrados até descobrirmos a capacidade criadora das nossas mentes. Descobrimos mais tarde quais são as nossas necessidades e conscientemente procuramos atendê-las. No decorrer da vida aprendemos sobre as leis mentais que possibilitam livrarmo-nos desse jugo de servidão e não mais nos submetermos ao poder hipnótico das religiões e daqueles que transformaram as igrejas, edificadas pelos fiéis através do dízimo e ofertas, em simples balcão de negócios. Transformaram o que deveria ser um local para facilitar o encontro das pessoas consigo e com Deus em bazares que oferecem Jesus, como um artigo, possível de ser adquirido á partir de um real. Profissionais da fé abandonaram o nobre ofício de pastor e tornaram-se apenas cobradores de impostos, originados pelo ágio da nossa fé. Eles na maioria das vezes emitem conceitos estabelecidos á partir de intenções nem sempre honestas e opiniões que muitas vezes revelam-se falsas diante do real conhecimento, impedindo que as pessoas desenvolvam as suas potencialidades que traduzem o maravilhoso gênio existente no interior de cada pessoa, o único templo onde habita o verdadeiro Espírito Santo, que jamais existirá nas casas edificadas pelos homens, pela simples vontade de Deus.
“Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos” – Marie Curie – física (Madame Curie).

3 comentários:

  1. Parabéns Sérgio!! Vc é grande, é sábio, é lutador, e acima de tudo busca a sabedoria. Caminho, este, que conduz o homem à felicidade! Te admiro e adoro as suas reflexões. É ótimo poder ler um texto bem escrito e repleto de conhecimentos profundos! bjo no coracao Fe Degilio

    ResponderExcluir
  2. Saudades de vc, querida Fê
    te agradeço por ter feito parte na história da minha vida. E, permitir que eu, humildemente, fizesse parte da sua. Maravilhosa pessoa, brilhante profissional, querida amiga e uma linda mulher. Tua felicidade é a minha alegria. Bjo amigo e paterno (na fisio)

    ResponderExcluir
  3. Quem faz o bem é aquele que te liberta. Enfrenta a possibilidade, da realidade ser oposto do que acredita. Será sempre a imagem da sua mente e viverá a sua vida a margem do que a sua mente anseia.

    ResponderExcluir